quinta-feira, 29 de julho de 2010

O governo, o ponto, o avanço e a estupidez

O governo brasileiro é algo no mínimo peculiar. Ainda mais no que diz respeito à adoção repentina de medidas um tanto quanto estranhas. Mais uma vez me surpreendo com a maneira que se resolve uma questão que afeta milhares de empresários e empregados pelo Brasil. Sim, estamos falando da recente lei da adoção do ponto "eletrônico" que deve ser adotado por todas as empresas que tenham mais de 10 funcionários em seu quadro. Explico as aspas mais adiante.
Recentemente o governo sancionou uma lei que faz com que todas as empresas que utilizem marcação eletrônica de ponto devem se adequar, substituindo seu aparelho e mudando seu processo. Até esta frase, caro leitor, nada de anormal; pelo contrário, informatização é sempre preciso, ainda mais se reduzir custos ou otimizar processos. Ao invés de "bater o ponto", o funcionário deverá registrar sua entrada em um equipamento eletrônico certificado. Este equipamento emitirá então um recibo (em papel) comprovando a hora que o funcionário entrou e saiu. Ahn? Pois é... Imaginem explicar isso para um europeu, e tentando comprovar tudo com base em créditos de carbono e protocolos de Kyoto.
Abismou-se? Tem mais: o funcionário obrigatoriamente deve reter seus comprovantes. Estima-se então que serão gastos por ano mais de 1 bilhão de tiquetes.
Abstendo-se da questão processual, passemos aos custos. Uma empresa com cinqüenta funcionários deverá gastar, por ano, mais de R$2.000,00. Com o sistema de cartão ou folha de ponto este custo cai para R$10,00 por mês. Contrasenso total. Ora, mas e o aparelho? Além de poucos, são caros, e não saem por menos de R$ 3.000,00, podendo chegar facilmente ao dobro disso.
Por último, e não menos pior: a descarga dos dados é feita através da conexão de uma pen drive. Pois bem, quase não existem tecnologias sem fio para fazer a transferência destes dados, de maneira até mais segura do que via USB. Pois bem, ainda há este pequeno detalhe, sendo necessária intervenção humana para integração e utilização dos dados de fato.
Em tempos de humanização e flexibilização do trabalho, home office, trabalho com foco em resultado, surge uma determinação como essa. Que não só fere questões econômicas ou trabalhistas, mas também ambientais. Não só pelo papel, mas pelos toners e tintas, que são caríssimos ambientalmente falando. Mas o que poderíamos esperar do último país do mundo que abandonou as impressoras matriciais para impressão de suas notas fiscais?
O país que tem a eleição de seus governantes feita eletronicamente em praticamente sua totalidade, o país que possui um dos mais inteligentes sistemas de envio de Imposto de Renda para a receita, dá uma mostra de sua pequenez. Assim como na padronização das tomadas, no kit de primeiros socorros obrigatórios nos veículos, governantes querem dar mostra de que realmente conseguem comandar o país. Não melhorando o que precisa, mas sim criando mais obrigações e determinações que atrasam a todos no que realmente deve ser pensado. Ao invés de pensar em reforma tributária, ponto maior de insatisfação do empresariado brasileiro, inventa-se mais uma obrigação para os geradores de emprego do país.

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Por dentro da Microsoft - Brasil

Tudo começou pelo Twitter. Fazendo uma busca por trending topics, me aventurei em procurar citações de empreendedorismo. Nesta busca descobri que a Microsoft Brasil tinha um twitter voltado para Pequenas e Médias Empresas (http://twitter.com/microsoft_pme), categoria na qual minha empresa se encaixa. Lá havia um anúncio para um concurso cultural, que dava direito a uma visita ao escritório da empresa, em São Paulo, e também a assistir à palestra de Steve Ballmer, CEO da empresa, na USP. O concurso era descrever como Cloud Computing pode ajudar uma pequena empresa. Eis minha resposta:
"A computação em nuvem é tão inovadora que pode transportar as informações e aplicações para um local remoto e confiável. Desta maneira, consegue-se ter acesso a informação em qualquer local, bastando estar conectado à internet. Cada vez mais o importante é a informação, e não a gerência dela, tendo foco no negócio"
Com ela venci o concurso! E no dia 28/04/2010, fui à São Paulo reinvindicar meu prêmio. E que prêmio.
Realmente poder visitar uma empresa da magnitude da Microsoft, com toda a mística e polêmica nas quais ela já se envolveu, é realmente intrigante. Perceber como cada colaborador é tratado e se sente realizado em trabalhar em um local de vanguarda é entusiasmante.
Fui recepcionado (aliás, muito bem diga-se de passagem) pela equipe de Pequenas e Médias Empresas, que nos mostrou alguns locais da empresa, como auditórios, salas de reunião entre outros. Depois disso visitamos o escritório, onde conhecemos o local em que trabalham no dia-a-dia. De forma geral é impressionante a organização e o ambiente em que se tomam as decisões de uma das maiores empresas de TI do mundo.
Enfim, achei muito positiva a ideia da Microsoft de presentear pequenos empresários com uma visita às suas instalações. Além de gerar um relacionamento mais próximo, os possibilita ouvir seu clientes diretamente, fazendo-os se sentir parte do processo de uma empresa do porte da Microsoft. Fica para um próximo post minhas impressões sobre a palestra de Steve Ballmer, CEO Mundial da Microsoft, também parte do prêmio recebido!



quarta-feira, 7 de abril de 2010

Até onde os tablets representam uma tendência?

Esta semana promete revolucionar o mercado de computação mundial. Graças, novamente, à Apple, que começou a comercializar o seu tablet PC iPad, o que tende à aquecer de vez o até então moribundo mercado de tablets PCs. No entanto, outros players como HP (que aposta na plataforma há mais tempo), Dell e até mesmo a Nokia, já se mexem para conseguir confrontar com o império de Jobs.
Como não podia deixar de ser, a apresentação do iPad feita por Steve Jobs foi um show. Sua contextualização do desenvolvimento do novo queridinho da Apple foi bastante contundente. Convenceu até mesmo os mais céticos de que existe uma lacuna entre notebooks e smartphones, e que não consegue ser preenchida pelos netbooks. Conceitualiza-se então um dispositivo mais portátil que um notebook, e com navegação web menos incomoda que um smartphone.
No entanto, o iPad foge um pouco do conceito anterior de Tablet PC, uma vez que os dispositivos anteriores rodavam o mesmo Sistema Operacional (embora adaptados) que os PCs comuns, como o Windows XP Tablet Edition. O iPad, por sua vez, pode ser considerado um iPod Touch em tamanho família, uma vez que tem a mesma cara do seu "primo pobre", à exceção do tamanho.
O que vale ressaltar é que o simples fato da Apple ter anunciado que estava entrando no mercado de tablets já faz com que outros players se movam para oferecerem soluções concorrentes para o mercado. A HP, uma das pioneiras na área de tablets já manifestou que irá dar maior ênfase à este tipo de dispositivo na companhia. Outros players como Dell e Lenovo também mostraram interesse em adicionar modelos de tablets ao seu portfolio. Há rumores que até a Nokia, gigante de celulares e smartfones, estaria interessada em ingressar neste reaquecido mercado.
Enfim, a ebulição neste mercado atiça até os antigos céticos com relação aos tablets, que acreditavam que esta categoria estava morta. Resta saber se isso é uma onda ou uma tendência de fato!

terça-feira, 30 de março de 2010

Redes Sociais X Interesses Profissionais

Não ia emitir minha opinião sobre este fato, mas a proporção que o mesmo tomou me deixou bastante intrigado. Desde que me aventurei com blog, twitter, orkut, entre outras aplicações da Web 2.0 sempre pensei em como seria possível ou não separar o pessoal do profissional. No entanto, parece que este discernimento não está muito claro na cabeça dos profissionais do país.
Recentemente, mais precisamente no último dia 28/03, data do clássico São Paulo e Corinthians pelo campeonato paulista de 2010, um executivo da Locaweb exacerbou seu discurso de maneira ofensiva com relação ao time oposto ao seu. O corinthiano roxo Alex Glikas escreveu diversos posts ofensivos à torcida do tricolor paulista. Sinceramente, até aí sem nenhum problema. No entanto, a situação é complicada.
A empresa havia fechado na quinta-feira um contrato para estampar sua marca na manga da camisa do Tricolor Paulista por apenas dois jogos (contra o Corinthians, pelo paulista, e contra Monterrey, pela Libertadores). E é justamente este o problema. Nas suas mensagens, Alex envolveu a empresa para o qual trabalhava, uma vez que foi demitido hoje a tarde. E é justamente este o perigo.
Não há problema torcer para A ou B, nem mesmo falar sobre isso em qualquer rede social que seja. O problema é que, na web 2.0, tudo está conectado, e o que você é para seus amigos, você também é para a empresa. E envolver os dois em uma situação como essa soa, no mínimo, amador. Usar a empresa para o qual trabalha, que está patrocinando seu rival, para atacar o próprio rival não parece ser uma ação das mais inteligentes, e por ser tão abissal não deveria nem constar em manuais e guias sobre redes sociais profissionais (por mais que o canal não seja exclusivamente profissional).
Reitero que a questão está longe de ser o time que o cidadão torce. Trata-se dos interesses comerciais em um acordo de patrocínio, e de como isso pode manchar o nome da empresa em que se trabalha. Todo cuidado é pouco ao misturar profissional e pessoal, ainda mais quando se fala de Web 2.0.

quinta-feira, 25 de março de 2010

Google e China: onde isso vai parar?

A notícia recente de que o Google não irá mais filtrar os resultados de buscas na China está mexendo com a imprensa especializada desde ontem. A gigante do Vale do Silício decidiu, após especulações, não mais filtrar resultados de buscas que pudessem não condizer com o regime político Chinês.
O Google, maior provedor de informações do mundo, transferiu o seu site de Xangai, na China, para Hong Kong, e não mais é responsável por filtragens diretas de busca. A empresa alega ter sofrido ataques hackers em função da vulnerabilidade que estes algoritmos de filtragem geraram em suas aplicações. Resultados de busca que podem ir contra os princípios políticos da China agora devem ser filtrados pelo próprio governo chinês, através do chamado "Great Firewall of China" (uma alusão à muralha -real- da China).
Esta decisão, apesar de atingir um dos principais mercados mundiais, não interfere substancialmente na operação da gigante das buscas. Responsável por apenas 2% do faturamento do Google, o mercado chinês já respondeu ao anúncio do Google. Os maiores portais chineses já não utilizam mais o Google como ferramenta de busca. E não para por ai.
A grande questão do Google é seu monstruoso acordo com a China Mobile, o qual firma uma parceria em utilização de plataforma Android nos celulares.
Esta situação é bastante complexa, pois muito além de interesses comerciais, ferem princípios estabelecidos na China, principalmente politicos. Se estava acordado que o Google se submeteria às regras chinesas para penetrar no mercado em 2006, este deveria ser o acordo até o final. No entanto, ferir princípios de direitos autorais e privacidade, como queria o governo chinês ao requerir acesso à paginas e contas de e-mail de críticos do sistema político, vai contra os princípios corporativos do Google, ferindo os princípios que regem a empresa.
De qualquer modo, apesar de ser um mercado pequeno do Google hoje, a China sempre representa uma pauta bastante intrigante no planejamento estratégico das empresas mundiais. A postura da gigante das buscas é, sem dúvida, louvável democraticamente. Porém pode acarretar alguns problemas diplomáticos sérios. Enfim, é bastante interessante observar como vão se comportar governos e corporações relacionadas ao caso. Uma coisa é certa: a visibilidade do Google aumentou ainda mais com esta decisão!

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Estratégia é tudo!

A notícia desta quinta-feira promete mexer com o mercado de TI mundial: a comissão européia anti-truste aprovou a aquisição da Sun pela Oracle, gigante mundial de banco de dados e ERP. A transação, no valor de US$ 7,6 bilhões, ainda deve passar pelo crivo de Rússia e China antes de ser concretizada. No entanto a própria Oracle tinha convicção que a comissão européia era a mais restritiva.
Dona de uma poderosa plataforma de banco de dados e uma respeitável suite de aplicações para ERP, a gigante Norte-americana poderá adicionar ao seu portfólio várias soluções em mercados que não possuia anteriormente.
Adquirindo a Sun, a Oracle também será detententora da disseminada tecnologia Java. Tal tecnologia, bastante utilizada e difundida em aplicações principalmente por sua portabilidade (uma vez que permite que aplicações rodem independentes do SO nas quais se encontram) é talvez um dos produtos mais conhecidos da Sun. Tendo controle sobre ela, a Oracle poderá otimizar ainda mais a plataforma, amplamente utilizada com seus próprios bancos de dados.
Além disso, a Oracle terá em mãos um sistema operacional que, apesar de não ser líder de mercado, é um SO bastante maduro. Em sua versão 10, o Solaris, que tem uma versão corporativa bastante interessante, é outro produto que deve merecer a atenção da Oracle.
Além destes dois, o MySQL também pode entrar no portfólio da Oracle. Sendo um dos bancos de dados gratuitos mais utilizados no mercado, e com uma evolução considerável nos últimos anos, a plataforma de banco de dados da Sun também pode ter papel importante para a Oracle principalmente no mercado de Pequenas e Médias Empresas.
No entanto, nenhuma das aquisições anteriores é tão importante estrategicamente para a Oracle quanto a divisão de hardware, principalmente a de servidores. Bastante respeitados internacionalmente, os servidores da Sun farão parte do portfólio da Oracle, e que provavelmente serão otimizados para rodar aplicações da empresa.
Enfim, esta promete ser uma das maiores aquisições do mercado de TI até hoje, não pelo estágio atual, mas pela proporção e magnitude que a Oracle pode atingir se conseguir evoluir todas as linhas de produtos que possui hoje. Além disso, já que detém estas plataformas, poderá perfeitamente otimizá-las para rodar suas próprias aplicações. Entretanto é bastante improvável que a Oracle cobre pela utilização das plataformas que hoje são livres, como Java e o MySQL. Não há maneira de saber atualmente qual será a estratégia exata da Oracle caso a aquisição se confirme. Resta-nos esperar até o dia 27 de janeiro, quando Larry Ellisson, CEO da Oracle, anunciará publicamente a estratégia da gigante (que se tornará literalmente um monstro).

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

E a Apple sai na frente...de novo...


É impressionante o status de vanguarda que a Apple tomou no mundo das tecnologias. E, por mais que estes equipamentos não sejam os melhores (alguns celulares da Nokia são bem melhores que o iPhone, por exemplo, mas este continua com uma participação no mercado muito maior que o anterior), o status da Apple a permite encabeçar algumas iniciativas tecnológicas.
O post de hoje é para falar de uma notícia recentemente veiculada de que a Apple estaria estudando a possibilidade de integra um leitor RFID em sua próxima geração de iPhones. Já fiz um post sobre RFID aqui no blog há algum tempo atrás. Enfatizei que não acredito nesta tecnologia para adoção de um mercado de massa. No entanto sua utilização em aplicações de valor agregado é bastante interessante.
Mas o que a Apple quer com isto? Há uma grande movimentação por parte das operadoras de cartão de crédito (principalmente Visa e MasterCard), para que os cartões de crédito sejam integrados aos aparelhos celulares pessoais de seus clientes. O Bradesco aqui no Brasil já efetuou testes com sucesso desta tecnologia. Porém o teste era inserindo uma tag (ou uma etiqueta) no equipamento; e não um leitor.
A disponibilidade do leitor dentro do aparelho aumenta e muito a gama de possibilidades da tecnologia. No futuro, quando o consumidor quiser saber onde foi fabricada a sua impressora, bastará aproximar seu iPhone de seu produto e ele saberá toda a cadeia logística do equipamento que está comprando. Porque uma impressora? A HP já disponibiliza esta solução (para uso interno, mas nada que o mercado não consiga mudar).
Enfim, a Apple mais uma vez sai na frente, tentando disponibilizar uma tecnologia que talvez nem ela mesmo saiba se é útil e o quanto é. O que acontece é que ela se alinha com um mercado bastante promissor e exigente, e que sempre se movimentou para que as pessoas comprassem mais. Não tem como esta "parceria" não vingar...

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

SaaS. Ahn?

Possivelmente você pode não saber o que é SaaS; mas certamente se utiliza dele. Não se assuste, isso é normal. Como assim?
SaaS é uma sigla em inglês que significa "Software as a Service", (ou Software como Serviço, em português) conceito motor do que se chama de Web 2.0. Sucintamente significa transformar aplicações de software em serviços (como a sigla diz), de uma maneira que o usuário não se preocupe sequer onde a aplicação está rodando.
A priori é um conceito assustador, principalmente para pessoas que estão no mercado de TI há mais de 10 anos. Para este tipo de profissional, imaginar a aplicação rodando fora dos domínios de sua empresa gera bastante desconforto. No entanto, cada vez mais existem soluções para diversos serviços na Web que se utilizam de SaaS. E pode apostar que estes profissionais se utilizam delas.
O paradigma é bastante interessante: pra que eu devo instalar um aplicativo de e-mail no meu computador se eu posso utilizar um gerenciador de e-mail que, onde quer que eu vá, com meu usuário e senha eu posso acessá-lo, independente do computador que estou utilizando? Pra que eu devo instalar um aplicativo para gerenciar a conta do meu banco, se ela está disponível na web através de um browser? Não há necessidade. Mas por que não?
Simples: o serviço independe da aplicação. Pense no exemplo do gerenciador de e-mails. O que você quer são as informações, não interessa como. Muito menos de onde elas vêm; elas tem que estar disponíveis. E a disponibilidade é algo intrínseco aos SaaS: se for baixa, não há aderência.
O conceito de SaaS confunde-se um pouco com o de Cloud Computing, mas eles diferem-se em algo substancial: SaaS se refere ao software, ao aplicativo instalado...na nuvem! Ou seja, a nuvem é muito mais abrangente que o SaaS, porque a nuvem contém o SaaS e os dados acessados por este software.
Enfim, o conceito de SaaS vem para contribuir com uma premissa bastante recorrente na área de tecnologia: não interessa onde eu esteja, quero ter meus dados e minhas informações disponíveis. Sobre questões de disponibilidade...isso é um assunto para um próximo post!

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Criatividade e Inovação


O post de hoje não tem ligação direta com tecnologia; mas é a alma do negócio. Trata-se da criatividade e da inovação, assuntos recorrentes nas mesas de diretores, ainda mais em tempos de crise como o atual.
Mas o que caracteriza inovação? Existem diversos prismas através dos quais podem ser enxergada a inovação. Primeiramente inovação não é uma disciplina, daquelas que podem ser lecionadas em escolas ou até mesmo universidade. Inovação é um estado de espírito. Inovação pode ser exercitada, mas nunca ensinada. Isto porque a criatividade é algo que se permite, e não se cobra. E é neste ponto que eu gostaria de chegar.
Muitas vezes abrem-se discussões sobre a concorrência que o mercado brasileiro de software enfrenta, principalmente com players como China e Índia no mercado. De fato, estes países possuem mão de obra barata e especializada, algo muito difícil no mundo hoje em dia. No entanto, o processo de desenvolvimento de software é absolutamente criativo, o que diferencia esta engenharia de outras como civil, elétrica, entre outras. E em criatividade o Brasil ganha (e disparado).
O povo brasileiro é criativo por natureza. Criamos uma espécie de defesa, uma vez que é uma aberração da natureza a existência do Brasil até hoje. Explicar como o nosso povo consegue viver (e alegremente) com as condições sociais, políticas e econômicas às quais somos submetidos. Desviar das aberrações burocráticas com sabedoria é tarefa diária na vida do brasileiro. É a famosa história do nó em pingo d'água.
Diante disso, o Brasil se mostra um player bastante interessante na questão de inovação. Exemplos de ações inovativas (não só na área de TI, como em outras) são presença constante em revistas especializadas em negócios. E cada vez mais o mercado dá valor neste tipo de ação.
Enfim, inovação virou a alma do negócio, qualquer que seja ele. Produzir mais gastando menos está ganhando mais espaço no mercado do que simplesmente produzir mais. Empresas estão olhando mais cuidadosamente para o custo do que simplesmente para a receita, fazendo com que ações inovativas redutoras de custo sejam mais cuidadosamente estudadas e analisadas. E para que esta inovação gere resultados efetivos, a gestão dela deve ser igualmente inovadora. Sobre a gestão inovadora devo escrever em uma próxima oportunidade!

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

O profissional de computação (parte 1)

O post de hoje não é dedicado à tecnologia pura e simples; é dedicado à quem a constrói. Mais especificamente aos estudantes de cursos relacionados à área computação.
Como disse no segundo post deste blog, sou aluno do curso de Engenharia da Computação na PUC-Campinas. Ingressei na universidade no ano de 2005, e lá estou até hoje. Me formo no fim deste ano (se tudo correr bem), mas durante este tempo na universidade pensei muito na estrutura do curso e no profissional que se forma nesta área, e tive algumas conclusões, as quais aqui exponho.
Não gostaria de restringir estes comentários apenas à minha universidade e ao meu curso, pois acredito que estes possam ser os problemas de vários cursos em diversas universidades. O que exponho aqui foram experiências próprias, e por isso me colocarei na primeira pessoa.
Quando resolvi fazer Engenharia eu pensei em um curso que me desse uma visão ampla e SISTÊMICA de QUALQUER assunto relacionado à computação. Até ai diversos colegas de curso também tinham esta visão. No entanto, não foi o que presenciei na universidade, e este erro, em minha visão, está na montagem do curso, e na engessada estrutura universitária brasileira.
Pensem comigo, e citem rapidamente algumas áreas de computação. Certamente passa de cinco. Muito provavelmente chegamos a dez. Computação se tornou um monstro nos dias de hoje. Ainda mais com o frenético avanço da Web e de dispositivos móveis em nossas vidas.
Espere: web e mobile. Nunca tive matéria ALGUMA na universidade que nem CITASSE estes dois paradigmas. Um tanto quanto estranho para um curso que prima pela sólida base fornecida aos seus alunos.
Como aprendi em minha vida profissional, de nada adianta reclamar de problemas se não apontar a solução. Então aí vai.
Computação de fato se tornou uma área extremamente abrangente. No entanto, a BASE é praticamente a mesma. Isto remete a um curso básico para todos os alunos, que abrangesse de forma SUPERFICIAL diversas áreas da computação. Programação, eletrônica, web, gestão, engenharia de software; um bom profissional de computação deve pelo menos saber do que se trata tudo isso.
No entanto, matérias específicas (ou as matérias numeradas em 2) deveriam ser opcionais. Uma pessoa que com certeza programará firmware não quer se aprofundar no estudo de determinada plataforma de banco de dados. Da mesma maneira que um programador Java não quer saber qual o registrador está sendo utilizado para sua adição.
O que acontece hoje é que as matérias específicas na faculdade de computação ou são levadas "nas coxas", ou ocupam tempo demasiado (logo produtividade) de indivíduos que não querem se aprofundar nestas disciplinas. Observe que prezo pela base; deve-se saber de tudo um pouco.
O grande problema é que não sabemos muito de alguma coisa. Muito pelo contrário: deixamos de saber mais um pouco de coisas que fatalmente nos serão úteis para saber muito de algo que quiçá nem exista mais.
Me sinto realmente defasado hoje. Não sei nada de programação Web, confesso. Tampouco sei o que muda no paradigma de liguagens de programação para dispositivos móveis. Não me lembro de praticamente nenhum conceito de Engenharia de Software dado na universidade (só os que eu estudei por fora da universidade, e não têm valor nenhum dentro dela).
Em compensação sei muito mais do que queria saber sobre sistemas operacionais antigos, linguagens de programação lógicas e funcionais, entre outros assuntos que sequer ouvi falar na minha vida profissional.
A estratégia utilizada atualmente é bastante falha quando quer se aprofundar em algum assunto. E ela não está errada. Ela nivela o curso por baixo. Para que os alunos que não querem se aprofundar na matéria simplesmente a façam e passem sem maiores problemas. E quem quer realmente aprender profundamente fica a ver navios, sem ter a real noção do nível de complexidade a que pode se chegar.
Enfim, acredito que é necessária uma grande reestruturação, que passa pelo aculturamento inclusive de professores e instâncias superiores da universidade. O modelo que aqui proponho é bastante similar ao dos Colleges americanos, os quais servem de alinhamento entre a High School (nosso glorioso ensino médio) e a University. Isto elimina riscos de profundidades e superficialidades indesejadas.