terça-feira, 30 de março de 2010

Redes Sociais X Interesses Profissionais

Não ia emitir minha opinião sobre este fato, mas a proporção que o mesmo tomou me deixou bastante intrigado. Desde que me aventurei com blog, twitter, orkut, entre outras aplicações da Web 2.0 sempre pensei em como seria possível ou não separar o pessoal do profissional. No entanto, parece que este discernimento não está muito claro na cabeça dos profissionais do país.
Recentemente, mais precisamente no último dia 28/03, data do clássico São Paulo e Corinthians pelo campeonato paulista de 2010, um executivo da Locaweb exacerbou seu discurso de maneira ofensiva com relação ao time oposto ao seu. O corinthiano roxo Alex Glikas escreveu diversos posts ofensivos à torcida do tricolor paulista. Sinceramente, até aí sem nenhum problema. No entanto, a situação é complicada.
A empresa havia fechado na quinta-feira um contrato para estampar sua marca na manga da camisa do Tricolor Paulista por apenas dois jogos (contra o Corinthians, pelo paulista, e contra Monterrey, pela Libertadores). E é justamente este o problema. Nas suas mensagens, Alex envolveu a empresa para o qual trabalhava, uma vez que foi demitido hoje a tarde. E é justamente este o perigo.
Não há problema torcer para A ou B, nem mesmo falar sobre isso em qualquer rede social que seja. O problema é que, na web 2.0, tudo está conectado, e o que você é para seus amigos, você também é para a empresa. E envolver os dois em uma situação como essa soa, no mínimo, amador. Usar a empresa para o qual trabalha, que está patrocinando seu rival, para atacar o próprio rival não parece ser uma ação das mais inteligentes, e por ser tão abissal não deveria nem constar em manuais e guias sobre redes sociais profissionais (por mais que o canal não seja exclusivamente profissional).
Reitero que a questão está longe de ser o time que o cidadão torce. Trata-se dos interesses comerciais em um acordo de patrocínio, e de como isso pode manchar o nome da empresa em que se trabalha. Todo cuidado é pouco ao misturar profissional e pessoal, ainda mais quando se fala de Web 2.0.

quinta-feira, 25 de março de 2010

Google e China: onde isso vai parar?

A notícia recente de que o Google não irá mais filtrar os resultados de buscas na China está mexendo com a imprensa especializada desde ontem. A gigante do Vale do Silício decidiu, após especulações, não mais filtrar resultados de buscas que pudessem não condizer com o regime político Chinês.
O Google, maior provedor de informações do mundo, transferiu o seu site de Xangai, na China, para Hong Kong, e não mais é responsável por filtragens diretas de busca. A empresa alega ter sofrido ataques hackers em função da vulnerabilidade que estes algoritmos de filtragem geraram em suas aplicações. Resultados de busca que podem ir contra os princípios políticos da China agora devem ser filtrados pelo próprio governo chinês, através do chamado "Great Firewall of China" (uma alusão à muralha -real- da China).
Esta decisão, apesar de atingir um dos principais mercados mundiais, não interfere substancialmente na operação da gigante das buscas. Responsável por apenas 2% do faturamento do Google, o mercado chinês já respondeu ao anúncio do Google. Os maiores portais chineses já não utilizam mais o Google como ferramenta de busca. E não para por ai.
A grande questão do Google é seu monstruoso acordo com a China Mobile, o qual firma uma parceria em utilização de plataforma Android nos celulares.
Esta situação é bastante complexa, pois muito além de interesses comerciais, ferem princípios estabelecidos na China, principalmente politicos. Se estava acordado que o Google se submeteria às regras chinesas para penetrar no mercado em 2006, este deveria ser o acordo até o final. No entanto, ferir princípios de direitos autorais e privacidade, como queria o governo chinês ao requerir acesso à paginas e contas de e-mail de críticos do sistema político, vai contra os princípios corporativos do Google, ferindo os princípios que regem a empresa.
De qualquer modo, apesar de ser um mercado pequeno do Google hoje, a China sempre representa uma pauta bastante intrigante no planejamento estratégico das empresas mundiais. A postura da gigante das buscas é, sem dúvida, louvável democraticamente. Porém pode acarretar alguns problemas diplomáticos sérios. Enfim, é bastante interessante observar como vão se comportar governos e corporações relacionadas ao caso. Uma coisa é certa: a visibilidade do Google aumentou ainda mais com esta decisão!