O post de hoje não é dedicado à tecnologia pura e simples; é dedicado à quem a constrói. Mais especificamente aos estudantes de cursos relacionados à área computação.
Como disse no segundo post deste blog, sou aluno do curso de Engenharia da Computação na PUC-Campinas. Ingressei na universidade no ano de 2005, e lá estou até hoje. Me formo no fim deste ano (se tudo correr bem), mas durante este tempo na universidade pensei muito na estrutura do curso e no profissional que se forma nesta área, e tive algumas conclusões, as quais aqui exponho.
Não gostaria de restringir estes comentários apenas à minha universidade e ao meu curso, pois acredito que estes possam ser os problemas de vários cursos em diversas universidades. O que exponho aqui foram experiências próprias, e por isso me colocarei na primeira pessoa.
Quando resolvi fazer Engenharia eu pensei em um curso que me desse uma visão ampla e SISTÊMICA de QUALQUER assunto relacionado à computação. Até ai diversos colegas de curso também tinham esta visão. No entanto, não foi o que presenciei na universidade, e este erro, em minha visão, está na montagem do curso, e na engessada estrutura universitária brasileira.
Pensem comigo, e citem rapidamente algumas áreas de computação. Certamente passa de cinco. Muito provavelmente chegamos a dez. Computação se tornou um monstro nos dias de hoje. Ainda mais com o frenético avanço da Web e de dispositivos móveis em nossas vidas.
Espere: web e mobile. Nunca tive matéria ALGUMA na universidade que nem CITASSE estes dois paradigmas. Um tanto quanto estranho para um curso que prima pela sólida base fornecida aos seus alunos.
Como aprendi em minha vida profissional, de nada adianta reclamar de problemas se não apontar a solução. Então aí vai.
Computação de fato se tornou uma área extremamente abrangente. No entanto, a BASE é praticamente a mesma. Isto remete a um curso básico para todos os alunos, que abrangesse de forma SUPERFICIAL diversas áreas da computação. Programação, eletrônica, web, gestão, engenharia de software; um bom profissional de computação deve pelo menos saber do que se trata tudo isso.
No entanto, matérias específicas (ou as matérias numeradas em 2) deveriam ser opcionais. Uma pessoa que com certeza programará firmware não quer se aprofundar no estudo de determinada plataforma de banco de dados. Da mesma maneira que um programador Java não quer saber qual o registrador está sendo utilizado para sua adição.
O que acontece hoje é que as matérias específicas na faculdade de computação ou são levadas "nas coxas", ou ocupam tempo demasiado (logo produtividade) de indivíduos que não querem se aprofundar nestas disciplinas. Observe que prezo pela base; deve-se saber de tudo um pouco.
O grande problema é que não sabemos muito de alguma coisa. Muito pelo contrário: deixamos de saber mais um pouco de coisas que fatalmente nos serão úteis para saber muito de algo que quiçá nem exista mais.
Me sinto realmente defasado hoje. Não sei nada de programação Web, confesso. Tampouco sei o que muda no paradigma de liguagens de programação para dispositivos móveis. Não me lembro de praticamente nenhum conceito de Engenharia de Software dado na universidade (só os que eu estudei por fora da universidade, e não têm valor nenhum dentro dela).
Em compensação sei muito mais do que queria saber sobre sistemas operacionais antigos, linguagens de programação lógicas e funcionais, entre outros assuntos que sequer ouvi falar na minha vida profissional.
A estratégia utilizada atualmente é bastante falha quando quer se aprofundar em algum assunto. E ela não está errada. Ela nivela o curso por baixo. Para que os alunos que não querem se aprofundar na matéria simplesmente a façam e passem sem maiores problemas. E quem quer realmente aprender profundamente fica a ver navios, sem ter a real noção do nível de complexidade a que pode se chegar.
Enfim, acredito que é necessária uma grande reestruturação, que passa pelo aculturamento inclusive de professores e instâncias superiores da universidade. O modelo que aqui proponho é bastante similar ao dos Colleges americanos, os quais servem de alinhamento entre a High School (nosso glorioso ensino médio) e a University. Isto elimina riscos de profundidades e superficialidades indesejadas.
quarta-feira, 23 de setembro de 2009
terça-feira, 8 de setembro de 2009
LTE...Será?
Mobilidade é um sonho. Sempre foi. Desde que o homem moderno descobriu que poderia falar andando se maravilhou assim como o fez com a idéia de poder voar. É uma espécie de onipresença. Diversas tecnologias proporcionaram esta grande comodidade. Isto tudo começou com os celulares, os quais diminuiram ao longo do tempo e ganharam uma infinidade de utilidades, deixando sua principal funcionalidade -de comunicação por fala- como artigo dispensável.
Neste contexto de conectividade móvel surge o chamado LTE, sigla em inglês para Long Term Evolution. Existe uma grande movimentação da mídia especializada em transformar o LTE na plataforma convencional de 4G.
Várias teorias explicam esta parcialidade. A principal delas é a questão relacionada ao investimento pesado das operadoras celulares na divulgação e disseminação do conceito do LTE. A verdade é que a idéia que se passa com esta estratégia é bastante equivocada.
O LTE está sendo divulgado como o sucessor do HSDPA (sigla para High-Speed Downlink Packet Access), popularmente conhecido como 3G, graças a outro equívoco (?) da mídia. Este é um erro crasso, e por duas razões: primeiramente, o 3G ainda não está comercialmente consolidado; e o LTE não é um padrão estabelecido, não tendo nem redes nem equipamentos em funcionamento.
As operadoras celulares ainda não consolidaram comercialmente a tecnologia 3G, tanto que algumas até reclamam do ROI planejado por esta estratégia e do efetivamente obtido. No entanto, com medo da possível concorrência das operadoras de MMDS, as operadoras celulares ainda se preocupam em reservar espectro de frequência para o LTE, o qual, repito, não está em operação em lugar algum no planeta.
Alguns fabricantes anunciam equipamentos como modems e ERBs. No entanto estes não podem ser fabricados pois não podem ser homologados, devido ao fato da padronização não estar concluída.
Assim, a estratégia adotada pelas operadoras e fabricantes pró-LTE se caracteriza como um ato desesperado contra uma concorrência que fatalmente engoliria o mercado de transmissão de dados sem fio. O WiMAX...
Neste contexto de conectividade móvel surge o chamado LTE, sigla em inglês para Long Term Evolution. Existe uma grande movimentação da mídia especializada em transformar o LTE na plataforma convencional de 4G.
Várias teorias explicam esta parcialidade. A principal delas é a questão relacionada ao investimento pesado das operadoras celulares na divulgação e disseminação do conceito do LTE. A verdade é que a idéia que se passa com esta estratégia é bastante equivocada.
O LTE está sendo divulgado como o sucessor do HSDPA (sigla para High-Speed Downlink Packet Access), popularmente conhecido como 3G, graças a outro equívoco (?) da mídia. Este é um erro crasso, e por duas razões: primeiramente, o 3G ainda não está comercialmente consolidado; e o LTE não é um padrão estabelecido, não tendo nem redes nem equipamentos em funcionamento.
As operadoras celulares ainda não consolidaram comercialmente a tecnologia 3G, tanto que algumas até reclamam do ROI planejado por esta estratégia e do efetivamente obtido. No entanto, com medo da possível concorrência das operadoras de MMDS, as operadoras celulares ainda se preocupam em reservar espectro de frequência para o LTE, o qual, repito, não está em operação em lugar algum no planeta.
Alguns fabricantes anunciam equipamentos como modems e ERBs. No entanto estes não podem ser fabricados pois não podem ser homologados, devido ao fato da padronização não estar concluída.
Assim, a estratégia adotada pelas operadoras e fabricantes pró-LTE se caracteriza como um ato desesperado contra uma concorrência que fatalmente engoliria o mercado de transmissão de dados sem fio. O WiMAX...
quarta-feira, 2 de setembro de 2009
RFID
De volta à vida do blog. Apesar das limitações físicas, vou escrever sobre um assunto que em muito me intriga: RFID.
Quem nunca ouviu a história de que, no supermercado do futuro, quando passar com o carrinho debaixo de um portal você vai ver em uma tela ao sair a totalização da sua compra, sem precisar tirar nenhum produto do carrinho? Pois é, é possível...tecnicamente.
A tecnologia de RFID tem sido muito comentada por um longo tempo, tanto pela mídia especializada quanto pelo mundo acadêmico e até mesmo grandes empresas interessadas nesta tecnologia. Muito citada como "tecnologia sucessora do código de barras", RFID da forma como foi concebido também não passa disso.
Apesar do grande investimento em pesquisa, principalmentes de grandes players do mercado como HP e 3M, o RFID na modalidade passiva, da maneira que conhecemos, possui sua tendência de evolução limitada à substituir os códigos de barras hoje existentes. Se o intuito é fazer alguma aplicação na qual este conceito não se aplique não está se tratando de RFID puramente simples.
Não estou dizendo que a tecnologia é ruim, pelo contrário. É possível encontrar hoje no mercado tags de diversos tipos, formatos, capacidade de processamento e até armazenamento. Estas tags tem a vantagem de poder armazenar dados, coisa que não é possível no código de barras (nem mesmo com banco de dados, justamente porque não é possível individualizar produtos com o mesmo código de barras).
Esta questão do armazenamento é bastante interessante. Não percebeu? Pois perceba: imagine uma linha de produção de um carro. No começo desta linha é colocada uma tag no veículo, indicando o início da produção. Quando termina o procesos de produção, a tag é gravada novamente quando o produto é enviado ao próximo setor depois do fim da linha. Observe que a tag possui, além de sua identificação normal, alguns dados que identificam como foi conduzido seu processo de produção.
Se a tag for fazer alguma coisa diferente de apenas identificação (ou armazenamento de eventos simples), a tecnologia começa a se aproximar da tendência de ser uma rede de sensores. Mas isto é assunto para um próximo post.
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